Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece, como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

domingo, 21 de novembro de 2010

Meio Amor - Parte 1


“Vai chover, é melhor a gente se apressar” foram as únicas palavras daquele quarteirão de sonhos que nós dois estávamos.
“Então vamos sentar aqui, esperar chover” comentei com os olhos focadas nas nuvens cinza e pesadas.
Então antes que ele pudesse ver que meus olhos trocaram o foco, eu estava no chão. Sentada com cara de sapeca. Comecei a comentar que um desses dias insuportáveis de novembro, o calor havia me estressado e como meu trabalho tinha sido cansativo, até que ao passar numa rua sem movimento vi uma cena que me colocou um sorriso imenso nos lábios. Era um senhor de idade enfeitando a casa com luzes coloridas e com muitos Papai Noel, e havia uma senhora sentada numa cadeira de balanço com um chapéu. Ela tava ali olhando e ele olhava pra ela e ria. E então eu ri também. E os dois me olharam, apresei o passo, mas aquele gesto de amor mudou meu dia. Eu continuava a contar a experiência ate que sou interrompida ao ouvir uma voz cansada, tremula e triste dizer “Por favor, para. Para de falar, tu esta me matando por dentro”. Quando notei seus olhos, estavam úmidos, e com uma mão fui tentar limpar a lagrima que ousava me culpar. Mas suas mãos tomaram um rumo igual ao meu, me segurou forte e me parou. Era seu orgulho falando mais forte. Foi quando finalmente vi em seus olhos o erro.
Foi como uma faca ou um fogo confortante no inicio, mas impossível de suportar.
Peguei-me pensando, que os mesmo dedos que ousam tocar meus cabelos, tocaram o dela. E essa tatuagem que eu tava presente, ela também admirou. Será que ela também rio das tuas pernas sem pelo? E também falou que era melhor tu tirar com cera de abelha? Ela limpou tuas lagrimas? E as tuas lagrimas eram pra mim?
Tu foste capaz de me amar, do teu jeito. E foi competente em me magoar, do teu jeito. Só que não foi pra mim o teu abraço essa noite, teus braços mesmo que tentassem não se encaixavam como antes. Parecia com uma forma diferente, uma forma de outro corpo. Ou talvez fosse o meu corpo que renegasse teu afeto. Mesmo que meus olhos acompanhassem os teus, nada seria capaz de colocar um fim na dor de perda que eu sinto aqui. Mas não de te perder em si, mas o amor que eu sentia por ti.
Mesmo assim as musicas que vão tocar repetindo o passado no futuro, continuaram na parede do meu quarto. Com teu cheiro. Com saudade. Mas com menos amor. E foi você quem quis assim.

Um comentário:

  1. 'adoro não ser responsável por absolutamente nada, odeio o peso que uma despedida eterna causa em mim'.

    tati bernardi, mestre na arte do desamor.

    melhor assim.

    'As pessoas mudam, os sentimentos mudam. Isso não significa que o amor partilhado uma vez, não era verdadeiro e real.' 500 Days of Summer

    vai passar meu amor!
    to aqui, sempre sempre e pra sempre.

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